30 de outubro de 2018

China

Teu cheiro me enfeitiçou
Transpassa minha pele
Acho até que é amor
Se for, quero que fique,
Meu coração já se entregou.

Branco

Eu era tesa e dura
Você veio e trouxe ternura
Teu rosto alvo de candura
Me lembra a mais bela pintura
Capaz de fender minha armadura.

Agora minha alma é leve e tua...

Balaio

Cantos e rimas
Prosas e versos
Tudo é pouco
Pra tentar te dizer:

- Você é
Meu universo.

22 de junho de 2018

Aspirações

Desenhei tua foto
Nos muros da cidade
Na janela do meu terraço
Toda vez que te vejo
Apresso meu passo
Lembro teu cheiro
E o refúgio do teu abraço
Talvez, algum dia
Eu não seja mais teu descaso
Você vai poder me amar
E descansar no meu regaço

As Calendas

Faz frio aqui...
É inverno e não tem tesão
O minuano corta minha face
Com violência e perversão
Me lembra tuas palavras
Que outrora feriram meu coração

Te digo:

Mais gélida que as calendas de julho
Só a tua alma vazia de ermitão
De que me serve as flores da primavera
Se só você preenche minha solidão?

22 de abril de 2018

Rebuliço da maré

Mar é verbo que perdeu sua letra
Quando agitado, tormenta
Quando cansado, sereno
Usa todos os barcos e ventos
Em busca de seu elo perdido

Mar hoje é substantivo
Rima com o verbo que um dia foi
E, ironicamente, permite que singrem
Em suas melancólicas águas
Corações machucados e iludidos
Pelo sentimento de amor
Substantivo do verbo a quem
Lhe roubaram o prefixo...

Ah, Mar, esquece isso!
Continua com teu curso
Desenhado pela Mãe Natureza
Deixa que do amor e de amar
Se ocupem os poetas com suas letras.

29 de março de 2018

Rasputin

Não sei que feitiço foi esse
Que você lançou em mim
Não sei se é teu sorriso amarelo
Ou teu perfume de carmim 
O fato é que você eternizou
Dias perfeitos que não deveriam ter fim.

8 de janeiro de 2018

Estúpido Cupido

Eu devo ter nascido desfrutável em outra existência
Mulher perversa, ardilosa, Iara, maligna
Hoje me castiga a vida com amores platônicos
Hera, Eco, Medea, Iansã, volúvel, Dalila

Ninguém vê que malvado mesmo é Cupido
Sai à toa atirando suas flechas cegas e arrogantes
Faz eu amar você, que ama outrém, que ama ninguém
E assim segue a dança perversa de amores errantes

Num tiro reverso, ainda te acerto, Cupido
Vais deixar de armar tuas ciladas ardilosas
Compelindo almas inocentes às humilhações do amor
Amor não correspondido machuca, nem sempre tem tom de rosa.

Amarguras de algodão

De que te adianta
Lábios doces de mel
Olhos da cor do céu
Se tua boca só cospe fel

Mas é que a moça teve o coração repicado como um papel
Hoje esconde a tristeza por debaixo do véu
Eu te entendo, criança, o mundo é um lugar cruel
Entrega tua dor embora, que vou te pintar a felicidade com um pincel

Abre as janelas da tua alma...